Autor: Edson Amorim
Velho e cansado em sua rede deitado
O Peão Carreiro relembra e sente saudades
Dos tempos que ia a frente do carro de boi
Ele guiando, ainda com pouca idade
No seu ombro levava a vara de ferrão
Chacoalhando as argolas, era só felicidade !
Vez batia a vara de ferrão no cambão
Pra boiada com força o carro de boi puxar
E gritava vai malhado, vem bordado, força trovão
Fazendo as argolas da vara alto tilintar
E a forte boiada fazia a ganga alto ranger
Até a pesada carga ao destino transportar !
Velho Carreiro que conta com detalhes
Velho Carreiro que conta com detalhes
De quando cortava as quebradas do sertão
Subindo e descendo serras e serrados
Traz-lhe sentimental e prazerosa recordação
Vez sonha guiando o seu carro de boi
E até parece ouvir cantando o seu cocão !
Hoje o velho carro de boi está abandonado
E a velha ganga com canzis ali pendurada
São objetos de uma vida que ficou no passado
E não existe mais a sua querida boiada
Restaram só histórias nos ganchos da lembrança
E na mente tristemente chorosas estão recostadas !
Relembra o nome de cada boi de carro que domou
E das fazendas, sítios e chácaras que foi empregado
E das serras, estradões e picadões que andou
Também de outros tantos carreiros companheiros
Que muitos, certamente, Deus desta terra já levou !
Carreiro que mágoa tem do progresso desordeiro
Que acabou com o serrado e a floresta do sertão
Onde o carro de boi era tido como sagrado
E a saudosa lembrança lhe aperta o coração
E uma carga de tristeza o seu peito invade
Delatado por um suspiro de saudade e emoção !!
Delatado por um suspiro de saudade e emoção !!
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