terça-feira, 29 de janeiro de 2013

POEMA: ONÇA PINTADA PANTANEIRA !!

 
 
  Autor: Edson Amorim
 
 

A temida Onça Pintada pantaneira
É uma pantera suntuosa e bela
Seu olhar é morno, porém traiçoeiro
 E as folhagens camuflam a bitela
É uma feroz e exímia predadora
Que captura presas até maiores que ela !

 
Felino de pelagem amarelo-dourado
Com pintas negras pelo corpo salpicadas
É hábil para nadar e subir em arvores
Quase sempre tem êxito nas suas caçadas
É silenciosa, arisca, paciente e tenaz
Ágil, salta e corre velozmente em disparada !
 

 Onça Pintada que ataca na jugular da presa
Com uma mordida voraz, poderosa e mortal 
Sua patada é muitíssima certeira e potente
Agarrando com suas unhas afiadas é fatal
Robusta e de grande força muscular
Chega a atacar e devorar bovinos no Pantanal !
 

Quase sempre a presa sucumbe ao seu ataque
Pois além de ágil tem sentidos muito aguçados
Têm hábitos noturnos e é sorrateira e astuta
No Pantanal busca seu alimento entre os alagados
No seu território é respeitada pela bicharada
Pois se derem bobeira poderão ser devorados !


O desmatamento vem devastando o seu habitat
Comprometendo a sua natural procriação
Por ter sido muito caçada pela sua pele
E por atacar animais domésticos de criação
Infelizmente este lindo e imponente felino
No mundo, está na lista de extinção !
 

Onça que o caçador quer matá-la friamente
Por um vil prazer particular qualquer
Ou pra exibir sua nobre pele como troféu
Que seu instintivo e perverso ego requer
Chegando se exaltar e piadas ridículas fazer
Mas mamar na Onça esse débil não quer !


Apesar de infundir medo e temor
A Onça foge diante da presença humana
Tem até inusitadas histórias antigas
Das mais leves às mais insanas
Por ai tem até Onça criada em casa
E seu dono a chama de minha brichana !!
 
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

POEMA: O VELHO CARRO DE BOI !!









Autor: Edson Amorim

O velho Carro de boi dos tempos de outrora
Sob a frondosa arvore está triste e abandonado
Depois que as modernidades chegaram
Dos serviços na fazenda foi dispensado
E os fortes bois carreiros que o puxavam
Envelhecidos, foram aponsentados !

Saudoso e tão servível Carro de boi
Que cargas e cargas levava e trazia
Puxados pelas juntas de bois no canzil
Presos a gangas que no seu cambão ringia
Hoje silenciaram os seus eixos e brutas rodas
Que ali parado e cansado não mais chia !

Lembro-me como se fosse inda ontem
De até dez juntas de bois nele engatados
Era boiada forte e a dedo selecionada
Composta de bois mansos e bem adestrados
 À frente sempre ia o homem Carreiro 
E por ele, seguro, o Carro de boi era guiado !

Carros de boi que transportaram o progresso
Nos estradões de terra batida do sertão
Em chapadões, subidas e descidas
Cheios de buracos, atoleiros e areões
Puxando cereais produzidos nas fazendas 
E madeiras em meio aos precarios picadões !

Quando surgiram os caminhões de carga
E na agricultura o revolucionário Trator
Então o dolente chiado do Carro de boi
Foi abafado pelo barulho do potente motor
E ele foi abandonado sem pena ao relento
E não mais foi utilizado o seu labor !
 
Hoje desfilam em passeatas publicas
Pra relembrar raízes e tradições
Em festejos organizados por saudosistas
Que relembram a dura vida nos sertões
Mesmo encostados fazem parte da história
E como decoração ainda causa emoções !

Pelo que contribuíram para o progresso
De norte a sul do território nacional 
Desde os tempos de Brasil colônia
É reconhecida a sua importância cultural
Muito também contribuiu no centro-oeste
Em particular no desenvolvimento do Pantanal !

Muitos antigos registraram em fotos
Seu Carro de boi na dura lida
Construídos de madeiras fortes e nobres
Pra suportar as cargas nele contidas
Na fazenda guiei nosso Carro de boi
E muito ele marcou em minha vida !

Lembro que na fazenda de meu Pai
Até cinco páreas puxavam o Carro de boi
Seus nomes eram Malhado, Campeiro
Sinuero, Diamante, Azulão e Trovão 
Fumaça, Turrão, Relógio e Ponteiro  
E toda essa boiada pro matadouro se foi !

Carro de boi ali descartado no canto jogado
Suas partes ressecadas e em corrosão
Seus  eixos já empenados e apodrecidos
E os bois de ganga que eram seu coração
Já morreram e só seus nomes existem
Em nossas lembranças como recordação !!


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

POEMA: ANTIGO RANCHÃO DO PANTANAL !!


Autor: Edson Amorim

Em meio a centenas de lagoas pantaneiras
Esquecido ali se encontra um antigo ranchão
Desgastado pelo tempo repousa em silêncio
Construído ainda na época do antigo sertão
A muitos anos e anos não é mais habitado
 Perdido em meio a vasta e natural vegetação !

Ranchão que resiste o passar dos tempos
Com suas portas e janelas destroçadas
 O vento chacoalha as poucas palhas
Que ainda cobrem sua estrutura desgastada
Porém nestas madeiras podres e ressecadas
Ele traz lindas histórias guardadas !

Os pardais habitam seus apodrecidos beirais
Fazendo ninhos e criando seus filhotinhos
São vidas que ainda com carinho ele hospeda
Além dos morcegos, insetos e lagartinhos
Até que o tempo o venha consumir por inteiro
Será o teto seguro pra esses seus amiguinhos !

Neste ranchão eu nasci, cresci e vivi
Com minha família por anos morando
Ele fica bem próximo ao Rio Paraguai
Onde a chalana e barcos passam navegando
Foi o refugio da minha infância querida
Que passo horas com carinho recordando !

Lugar que era tão alegre, tão belo e de paz
Perfeito para as aventuras de criança
Hoje tristonho, vivendo de sonhos
De ser reformado tem ainda esperança
Abandonado está no vasto Pantanal
Somente os bichos e aves são sua herança !

Rodeado por muitas ervas daninhas
Encravadas nos seus alicerces encanecidos
Fazem-no companhia para agasalhá-lo
Consolando-o e mantendo-o aquecido
Cresceram ali também para preservá-lo
Até seus restos, pelo tempo, ser consumido !

Ali vivi dias felizes e inesquecíveis
Admirando o sol nascente e o sol poente
E ouvindo o cantar dos tantos passarinhos
Que no quintal vinham cantar alegremente
E também as Araras que ficavam a gralhar
Enfeitando os vizinhos arvoredos, docemente !

E eu parava pra escutar e contemplar
Toda a natureza ao redor daquele ranchão
Que guardei docemente na lembrança
Como um raro tesouro de estimação
A chalana e os barcos indo e vindo no rio
Tinha de mim toda especial admiração !

As revoadas dos pássaros pantaneiros
Traduziam-se em um espetáculo da natureza
Que eu diariamente e feliz apreciava
Toda a sua fantasia, singeleza e nobreza
Sem falar das aves na tardezinha em seus ninhais
Era o Pantanal mostrando vida e grandeza !

Meu saudoso Pai sentava a soleira da porta
Daquele encantado e hoje velho ranchão
Cantava músicas ouvidas no rádio
Enquanto tocava seu afinado violão
Aquilo alegrava os nossos ouvidos
Nossa alma, espírito e o coração !

Hoje a varanda do ranchão está derrubada
Espaço que era aconchegante e arejado
E em meio às ruínas internas
O fogãozinho de lenha está desmanchado
Quando vi,  meu coração fez chorar
Revendo  esses cantinhos tão abençoados
Pareceu-me que uma parte de mim
Pelo tempo também foi assolado !

Aquele meu ranchão hoje é uma velha tapera
No abandono,  tristonho vai envelhecendo
E enquanto pelo tempo final ele espera
De saudades vai decompondo, se corroendo
A natureza amiga o observa sendo tombado
  E nas garras do tempo aos poucos vai morrendo !!